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 BRINCAR PODE MUDAR O MUNDO
A IKEA lançou a campanha 'Let's Play For Change', que quer devolver às crianças de todo o mundo o direito a brincar, e reuniu alguns especialistas que nos contaram tudo sobre o super-poder da brincadeira.

Vamos começar com um número: 49% dos pais não têm tempo para brincar com os filhos. E outro: 51% das crianças gostava de passar mais tempo com os pais. São apenas duas das conclusões do 'Playreport', um estudo feito anualmente pela IKEA com pais e crianças.

Para incentivar a brincadeira e chamar a atenção para a sua importância, a IKEA lançou o Movimento Direirto a Brincar, e reuniu no Pavilhão do Conhecimento alguns dos mais importanets especialistas em desenvolvimento infantil num debate moderado pela jornalista Isabel Stilwell.

"Estamos a tentar que a escola se reinvente e não se transforme num campeonato de competição", começou por afirmar João Costa, secretário de Estado da Educação. "Criamos cursoso de empreendedorismo para os adultos mas mantemos as crianças anestesiadas na escola, sem desenvolvermos a sua criatividade."

Sandra Nascimento, directora da APSI (associação para a promoção da segurança infantil) lembrou a importância da requalificação do espaço onde as crianças brincam. "O recreio não pode ser um espaço pobre e despido. Tem de ser um espaço nobre na escola, não o restinho de terreno que sobrou..."

Defendeu que a segurança não pode ser inimiga da brincadeira, mas que muitos pais se assustam com riscos que não são na verdade os mais perigosos. "Às vezes não deixamos as crianças brincare nas 'aranhas', aquelas estruturas de rede, mas deixamo-las sozinhas junto a espaços com água não vigiados, por exemplo."

"Antigamente faziamos coisas altamente perigosas", recordou o pediatra Mário Cordeiro "Hoje somos mais conscientes dos riscos e perigos, somos melhores pais, estamos muito mais presentes na vida dos nossos filhos. Mas estamos muito inibidos na brincadeira porque vivemos em espaços pequenos e fechados. Hoje somos um animal enjaulado."

Até os prisioneiros têm mais horas de ar livre do que as nossas crianças, lembrou Isabel Stilwell. Também recordou o que isso acarreta para a autonomia dos mais pequenos: "Somos um dos países mais seguros da Europa, e aquele que tem os níveis mais baixos de autonomia das crianças."

"O problema é que treinar para a autonomia dá trabalho", lembrou Mário Cordeiro. "É preciso ensinar regras, sinais de trânsito, rotinas, e os pais não querem ter trabalho".

Elogiou os pais que brincam com os filhos, mas lembrou que brincar não pode ser uma coisa que o adulto lidera. "Temos que brincar como a criança quer. Se um adulto quer ter um comboio elétrico, para que precisa da desculpa da criança? Compre um para ele próprio".

Mas nem todas as brincadeiras dependem da presença dos pais. O pediatra notou ainda a importância de a criança se habituar a brincar sozinha. "É indispensável que a criança se baste a si própria, que se habitue a ter uma vida interior rica, porque é isto que lhe vai valer em tempos de desamparo. Se estiver emocionalmente dependente dos outros, quando os outros faltam ela vai-se abaixo."

E quando as crianças não têm nem sítio nem paz para brincar? Como se brinca em zonas de guerra, de pobreza, de fome? Chris Williams, da IKEA Foundation, veio falar da mais recente campanha solidária do IKEA: "Let's Play For Change" quer devolver o direito de brincar a crianças de zonas mais afectadas: por cada boneco de peluche ou livro comprado nas lojas IKEA a partir de 20 de Novembro, 1 euro será destinado a ajudar seis fundações mundiais que lidam com estas crianças. Chris Williams lembrou ainda que existem actualmente milhões de crianças migrantes que não conseguem sequer aprender a ler.

A campanha trabalha com crianças de áreas mais afectadas pela migração, pela pobreza, pela escravatura, como o Líbano, Paquistão, Índia, Etiópia, China, Indonésia.

Conclusão? Brinquem com as vossas crianças quando puderem, e ajudem todas as outras a fazer o mesmo.