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AGO
21
 
 VAMOS FALAR DE HISTÓRIA DE PORTUGAL?
A minha paixão pela leitura começou desde cedo. Lembro-me de ler e reler vezes sem conta os livros que recebia de presente, principalmente durante a minha infância. Hoje tento passar esta mesma paixão pela literatura aos meus filhos porque quando lemos aprendemos enquanto viajamos sem sairmos do local onde nos encontramos.

Como incentivar os seus filhos a ler mais?
Nesta altura das férias grandes de Verão, incentive os seus filhos a lerem. Façam um clube de leitura, onde todos os dias, durante algum tempo, todos se reúnem para ler e combinem uma data para contarem uns aos outros as histórias dos livros que leram. De certeza que todos vão querer participar.

Como sugestão deixo-vos os livros de Isabel Stilwell, uma das minhas autoras de eleição. Além de escrever maravilhosamente, consegue fazer com que miúdos e graúdos se apaixonem pela História de Portugal. Prova disso são as obras que se arrastam durante semanas nos tops de vendas nacionais e o mais recente livro infantil, sobre D. Filipa de Lencastre, vai corresponder à sua melhor expectativa.

Breve entrevista a Isabel Stilwell:
1. De onde surgiu esta paixão toda por História?
Quando me perguntam de onde é que vem o meu amor à História e às histórias, a imagem do meu pai surge imediatamente. Formado em História era, para mim, acima de tudo, alguém que tornava a História viva. Quando nos levava a visitar um castelo, um palácio ou a dar um passeio por uma floresta, os personagens que habitavam aqueles lugares regressavam para conversar connosco. Como podíamos decidir qual das duas arcas do castelo de Montemor-o-Velho devíamos abrir, se uma estava cheia de ouro, mas a outra continha a peste, que nos podia matar? E era impossível não sentirmos empatia pelas princesas que vivam no Palácio da Pena, guardadas por leões que quando tinham os olhos abertos… estavam a dormir, ou pelo Jorge dos Bosques, certamente primo afastado do Robin, que assaltava os ricos para dar aos pobres, e perseguido pelos soldados do rei pedira santuário no convento vizinho, cujas portas os perseguidores estavam proibidos de franquear?

Parece-me que quando a História nos é assim contada, a semente germina, aproximando o presente do passado, fortalecendo as raízes que nos prendem a um lugar, ou a um país e, mais conscientes de onde vimos, fica mais fácil percebermos para onde queremos ir.

2. Como nasceu a ideia de contar as histórias das Rainhas de Portugal para os mais novos?
Ao longo destes anos, nove romances históricos escritos, muitos dos leitores contaram-me como os meus livros os tinham reaproximado da História que, desde os bancos da escola, imaginavam “uma seca”, de onde estavam ausentes as pessoas de carne e osso. Contaram-me que agora visitam museus e palácios, fazem os caminhos das rainhas, e as pedras já lhes falam . E dei por mim a pensar “Tanto tempo perdido”. Com a História estupidamente a minguar do currículo das escolas, porque não contribuir também para, em colaboração com os pais e os bons professores, ajudar uma nova geração a apaixonar-se pelo nosso passado, pelos nossos antepassados, pelas rainhas tão desconhecidas e que tiveram um papel tão fundamental?

Sinto uma enorme adrenalina em concretizar as ideias que surgem nas madrugadas e a coleção de Rainhas de Portugal para os mais pequenos nasceu mesmo. Escolhemos D. Maria II para o primeiro livro, uma rainha-menina aos 7 anos de idade, nascida no Brasil e batizada com um nome tão comprido que as crianças deliram decorar, tem tudo para revelar aos leitores mais pequenos como ela era, antes de mais, uma menina como eles. As ilustrações da Violeta Cor-de-Rosa, com os detalhes dos retratos do tempo, tornam-no deslumbrante.

Surge agora a história da rainha Filipa de Lencastre, uma rainha que transformou Portugal e que foi mãe de oito filhos, rapazes que empunharam espadas pelas suas convicções, e uma única filha que adorava Matemática e que fez juz à educação que a mãe lhe deu — quase igual à dos irmãos –, tornando-se numa das mulheres mais poderosas da Europa. A Raquel Russo ilustrou-o, com o cuidado, também, de procurar retratar o vestuário e os ambientes do tempo, os pormenores das espadas e da arquitetura dos paços onde viviam.

E porque acredito que quando se fala de História o rigor é fundamental, o rigor lá está, com o cuidado de nas últimas páginas incluir uma cronologia com imagens que permite, depois do mergulho na “emoção”, aprender as tais datas e nomes que são importantes para a contextualização.

3. Estes são livros indicados para crianças de que idades?
Para mim os bons livros de crianças são aqueles de que os adultos também gostam, aqueles que imploram aos filhos para os deixarem ler-lhes alto, pelo menos umas páginas… Gostava que estas rainhas dos pequeninos coubessem nessa categoria, mas dito isto, diria que a partir dos seis anos, com a ajuda dos pais, que podem adaptar o texto e chamar a atenção para as maravilhosas ilustrações, e a partir dos 8 ou 9, então já sozinhos. Ou, com a turma, no regresso à escola.